Assista a um vídeo com os desafios de trabalhar o nome próprio com uma turma da Educação Infantil
Durante uma aula, a professora Alaide Nicoletti Deyrmendijan, da EMEI Dr. José Augusto, em São Paulo, pediu às crianças que assinassem o cartão de aniversário feito para presentear uma colega. Enquanto todos trabalhavam, ela caminhou pela sala e viu que Raul havia escrito seu nome da direita para a esquerda com rotação das letras R e L: . Ao lado do menino, Alaide propôs que ele lesse o que estava escrito e comparasse com seu crachá. Aos poucos, Raul percebeu que, para escrever uma palavra em nossa língua, é necessário respeitar uma ordem determinada: da esquerda para a direita. Assista ao vídeo com mais casos dessa turma abaixo.
Além de planejar atividades com objetivos claros, o professor alfabetizador deve saber como suas intervenções podem ajudar a criança a refletir sobre o sistema da escrita. “Por mais poderosa que seja uma situação didática, quando não está acompanhada de intervenções adequadas, ela inevitavelmente perde seu potencial. Por isso, é desejável planejar uma série de possíveis intervenções de acordo com as respostas das crianças”, diz Diana Grunfeld, especialista em didática da alfabetização e membro da equipe de coordenação da Rede Latino-americana de Alfabetização.
Não são apenas os alunos com dificuldade que devem receber a atenção do professor. Aqueles que já conseguem identificar e escrever seu nome, sem a ajuda do modelo, precisam ser constantemente desafiados. Caso contrário, a turma corre o risco de sofrer com o “fenômeno da homogeneização”, descrito por Diana no artigo “La intervención docente en el trabajo con el nombre proprio – Una indagación em jardines de infantes de la Ciudad de Buenos Aires”. Quando isso ocorre, o professor não leva em consideração a heterogeneidade dos saberes dos pequenos para planejar as atividades. Se já escrevem o próprio nome, por que não propor que comecem a escrever o de seus colegas? Dessa forma, todos podem avançar.
Intervenções bem planejadas
É preciso ter conhecimento do que os alunos já sabem para promover
discussões mais significativas durante as atividades. “Caso contrário,
as intervenções do professor serão pautadas em suposições, e não nas
reais demandas e saberes deles”, explica Andréa Luize, coordenadora do
Núcleo de Práticas de Linguagem da Escola da Vila, em São Paulo. Ao
propor que a turma encontre determinado nome em meio a uma lista, por
exemplo, é importante perguntar às crianças como chegaram àquela
conclusão. Nessas situações de leitura e identificação, o professor pode
utilizar as respostas inadequadas para incentivar a verificação e a reformulação das suas ideias iniciais.
Em atividades de escrita do nome, é essencial estabelecer um clima de segurança
na sala. Aqueles que ainda não sabem escrever poderão copiar de um
modelo, com calma e no seu tempo. Se a criança tiver dificuldade em
grafar as letras, o professor pode ajudá-la a prestar atenção em seu
traçado. Quando as crianças esquecem as letras que querem escrever, é
interessante encorajá-las a procurar no alfabeto da classe.
Como avaliar o que as crianças já aprenderam?
Como avaliar o que as crianças já aprenderam?
Para saber se as intervenções estão contribuindo para o processo de
aprendizagem, a única maneira é observar a turma. “O professor que
propõe atividades de análise do sistema de escrita com regularidade não
precisa de avaliação externa. Ele consegue fazer o mapeamento por
acompanhar a turma diariamente”, diz Beatriz Gouveia, coordenadora de
projetos do Instituto Avisa Lá e professora da pós-graduação em
Alfabetização do Instituto Superior Vera Cruz.
Foi o que fez Aline Lima, professora da turma de 5 anos da Escola de
Educação Básica e Profissional Embaixador Expedito de Freitas Resende,
em Teresina. Depois de cada atividade com nome próprio, ela registra
pautas de observação e analisa o que as crianças já conseguem fazer e no
que enfrentam mais dificuldades. Ela organiza um portfólio para cada
aluno e acompanha sua evolução. Além de avaliar o que já foi aprendido,
Aline consegue planejar as próximas ações e apresentar novos desafios
aos pequenos.
Fonte: http://novaescola.org.br/nome-proprio/intervencoes.shtml?utm_source=tag_novaescola&utm_medium=facebook&utm_campaign=mat%C3%A9ria&utm_content=link
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